Enfrentando desafios na transição ao veganismo

Enfrentando desafios na transição ao veganismo

Escolher viver sem consumir produtos da exploração animal é saudável e compatível com desfrutar de uma grande variedade de alimentos deliciosos. Substituir alimentos antigos por novos pode ser simples, mas veganos em transição podem encontrar desafios quando começam a mudar sua dieta. Com o mínimo de prática, a seleção e preparação dos alimentos se torna uma segunda natureza, e muitos veganos experientes consideram as relações com pessoas não veganas o maior desafio de se viver como vegano. Considere as seguintes sugestões para ajudar a ter confiança durante a transição ao veganismo e ao navegar nas relações com os outros.

Desafios podem ser superados com confiança e força

Escolher viver sem utilizar produtos provenientes da exploração animal é mais fácil do que parece. É saudável e compatível com desfrutar de uma grande variedade de alimentos gostosos. De qualquer forma, para aqueles indivíduos que, devido a tradições de família e hábito antigos, encontram algumas dificuldades ao fazer a transição ao estilo de vida vegano, pode ser motivador lembrar que qualquer mudança grande na vida inclui desafios. A maioria de nós chegou à idade adulta consumindo produtos de origem animal sem muita reflexão, com a mesma dieta de nossos pais e colegas. Por isso, mudanças significativas na dieta exigem que questionemos comportamentos antigos e adotemos hábitos novos com os quais não estamos familiarizados. Substituir alimentos antigos por novos parece simples, e é para alguns, mas, o processo pode se complicar por vários motivos, quando começamos a tentar comer de maneira diferente.

As táticas para lidar com os desafios são, de certa forma, únicas para cada indivíduo. No entanto, uma abordagem pragmática, sujeita a preferências individuais, é adotar o veganismo com intenções claras e responsabilidade pessoal. Ter clareza do porquê deveríamos ser veganos e adquirir o conhecimento necessário para fazer mudanças na dieta ajudam a garantir que os desafios sejam encarados com confiança e força. Além disso, a credibilidade como vegano exemplar incentiva outras pessoas a considerarem o veganismo e, no fim das contas, ajuda os animais.

Alguns tipos de desafios frequentes podem ser superados com sucesso sem muito esforço. Isso inclui garantir uma dieta nova e saudável, aprender a cozinhar de modo diferente ou a comer fora de casa. No entanto, para muitas pessoas que estão adotando o veganismo, um desafio mais significativo ocorre ao se depararem com as objeções e a hostilidade de outras pessoas, seja em relacionamentos pessoais, ao se consultarem com profissionais da área de saúde, ou no ambiente de trabalho.

Então, como você vai se alimentar? O tamanho desse desafio para veganos em transição dependerá dos hábitos alimentares prévios e da estratégia para a transição. Será rápido para alguns, enquanto outros começarão a excluir produtos de origem animal, progredindo até sua dieta se tornar 100% vegana.

Nessa hora pode ser útil consultar um dos vários guias de comida vegana disponíveis, cujos melhores ilustram com imagens como pode ser simples planejar uma dieta vegana saudável e flexível. As versões mais recentes incluem uma representação visual de um jantar, dividido por cores em grupos de alimentos e porções diárias — frutas, verduras, grãos, legumes, oleaginosas e sementes. Ao deixar espaço para preferências pessoais, esses guias ilustram como planejar facilmente um dia com refeições saudáveis. Outros guias fáceis de seguir e tão informativos quanto são o prato vegetal, pela nutricionista Ginny Messina, o prato vegano, pela nutricionista Brenda Davis, e 2020-2025 Dietary Guidelines for Americans recommendations pelo Physicians Committee for Responsible Medicine (PCRM). Todos eles têm base científica e são aceitos e publicados no mundo todo. Além de serem extremamente úteis para novos veganos, são fáceis de compartilhar com a família e amigos curiosos, e com profissionais da saúde interessados.

Quando você conseguir imaginar um jeito novo de se alimentar, você pode começar a preencher sua cozinha com alimentos vegetais, aproveitando substituições prontas de produtos de origem animal se desejar. Houve um aumento de restaurantes com opções veganas em muitos países, e eles podem servir de inspiração para a a sua própria prática de cozinhar, ou servir como alicerce para aqueles que não gostam de cozinhar ou se sentem inseguros na cozinha. No entanto, tomar a iniciativa de praticar suas habilidades na preparação da sua comida lhe dá mais controle sobre a comida que você consome em casa e melhora sua capacidade de analisar menus e fazer perguntas aos garçons e cozinheiros quando estiver comendo fora.

Viagens acrescentam uma camada de complicação, dependendo do meio de transporte, mas se aplicam os mesmos princípios de autossuficiência. Embalar comida, simples ou sofisticada, para viagens de carro economiza dinheiro e tempo. Ao voar, isso fica a seu critério. As opções veganas em aeroportos vêm melhorando. De qualquer forma, planejar antecipadamente e trazer sua própria comida pode ser inteligente e útil às vezes. Em alguns casos, trazer sua própria comida pode ser a opção mais satisfatória, apesar de isso depender de suas preferências.

Encarando as objeções

Com o mínimo de prática, a seleção e preparação de alimentos se torna uma segunda natureza, e muitos veganos experientes consideram a convivência com pessoas não veganas o maior desafio da vida vegana. Quando fazemos mudanças pessoais na dieta, independentemente de defender o veganismo, isso torna perceptível as crenças e comportamentos dos outros, destacando-os e às vezes criando dissonância cognitiva. O desconforto emocional pode levar as pessoas a atacar, menosprezar ou tentar sabotar qualquer ameaça ao status quo.

Consequentemente, mover o veganismo da esfera privada para a pública, até mesmo para amigos próximos e família, acrescenta um nível perceptível de estresse que alguns veganos desejam evitar inicialmente. Assim como aprender a planejar uma dieta vegana, pode ser necessário tirar um tempo para adquirir o conhecimento necessário para falar sobre o veganismo com confiança, mas se recusar a falar sobre ou se desculpar por possivelmente causar inconveniências a alguém não vai facilitar a aceitação ou aumentar o respeito pelos animais. À medida que nosso conhecimento aumenta, nosso desconforto em discutir e debater respeitosamente provavelmente diminui, e idealmente, podemos progredir, de meramente justificar porque não exploramos animais a defendê-los, de explicar porque estamos mudando nossa dieta a convencer os outros sobre as razões para mudarem as suas.

O texto contendo as respostas para as perguntas frequentes sobre o veganismo, encontrado neste website, pode ajudar a tirar qualquer dúvida sobre o porquê e como rejeitar a exploração animal. Ele também pode ser usado como um texto de introdução a ser estudado e compartilhado com os demais. Além de definir o veganismo, o texto responde perguntas como “por que deveríamos respeitar todos os seres sencientes e viver como veganos?”, “como os diferentes animais (incluindo invertebrados como abelhas e moluscos bivalves) são feridos quando são explorados?”, se bactérias e outros organismos são ou não sencientes, e como todos podem fazer a diferença aderindo ao veganismo. Uma das perguntas mais frequentes vinda de veganos iniciantes e em transição é sobre a senciência das plantas, e a seção de perguntas frequentes também explica essa questão.

Talvez a seção mais significativa para novos veganos que encontram objeções seja Respostas às questões e objeções ao veganismo. Uma multidão de questões em torno da ética de criar e matar animais para alimentação, que todos os veganos devem estar confortáveis em discutir, são abordados nesta seção.

Instruir a nós mesmos e aos outros consistentemente sobre os danos causados aos animais servirá para combater atitudes especistas inconscientes e não reconhecidas que foram adotadas e consolidadas ao longo da vida. Cada desafio ao veganismo que for encarado e superado reforça a nossa determinação de aumentar o respeito aos animais e melhorar o tratamento dos mesmos.


Leituras complementares

Davis, B. (2020) “The vegan plate”, Brenda Davis RD, 19 May [acessado em 8 de maio de 2020].

Gaber-Unti, C. (2020) “Vegan guide to air travel”, The Vegan Word [acessado em 6 de maio de 2017].

Physicians Committee for Responsible Medicine (2020) “2020-2025 Dietary Guidelines for Americans recommendations”, Good Nutrition, Physicians Committee for Responsible Medicine [acessado em 15 de abril de 2020].

Tuga Vegetal (2018) “O prato vegetal”, Tuga Vegetal, March 31 [acessado em 22 de outubro de 2020].